Estados de Guerra

Os Espíritos respondem a Kardec que o que impele o homem à guerra é a predominância da natureza animal sobre a espiritual e que no estado de barbaria os homens só conhecem o direito do mais forte.

E o homem, adentrando um mundo de regeneração ainda se envolve em guerras. Mas em vez de nos demorarmos no espanto e na indignação a essa constatação, como se esse mundo não fosse o nosso, concentremo-nos em entender o porquê de nos vermos aparentemente estacionados nessa situação.

Então, por que os habitantes deste planeta parecem ter naturalizado a cultura da guerra?

Deus quer que a adesão do homem ao Bem e à Ordem seja voluntária e espontânea, fruto do desenvolvimento do seu discernimento; quer que o homem compreenda que vive segundo suas próprias escolhas, dando-lhe plena liberdade para fazê-las.

Materialistas usam dessa liberdade optando pelo desinteresse em descobrir, por si mesmos, a ordem que vigora no Cosmo, pelas leis do Criador. Por não considerarem a existência do Espírito, não creem na anterioridade e no futuro das existências. Assim, não compreendem as injunções expiatórias e probatórias a que estamos sujeitos e não projetam no futuro as consequências das suas más escolhas.

Se todos fomos criados simples e ignorantes é fácil depreender que alguns de nós nos demoramos em insistir nas escolhas erradas, cristalizando, no caráter, o egoísmo e o orgulho.
E é a expressão desse caráter, tendo como pano de fundo o materialismo, que faz muitos acharem que essa tendência egocêntrica, competitiva e beligerante há de fazer parte da natureza humana e que estamos na vida por nossa própria conta, sobrevivendo melhor o mais forte ou o mais esperto. Prevalece a cultura da guerra, como evento coletivo e como postura individual.

Basta que fitemos o céu, numa noite estrelada para entendermos como pueril absurdo nos vermos como a Humanidade inteira. E somos informados que, aqui mesmo, nossos irmãos de Sistema, não precisaram de guerras para evoluir.

Mas esse planeta é a nossa casa e pessoas que fazem guerra são, também, nossa família. Talvez a grande dificuldade de enxergá-los assim explique o porquê de ainda merecermos viver neste planeta de degredo.

Portanto, o que explica essa tendência de viver em conflito com o próximo é a escolha, voluntária e espontânea, de viver de forma egóica e orgulhosa. Muitos, mais extremados, defendem violentamente seus modos de ser. O egoísmo gera a ambição do poder ao tentar ampliar a defesa dos próprios interesses. Projete-se tudo isso no coletivo e tem-se as guerras que são, então, aproveitadas nos processos expiatórios que vitimam, em algum ponto no tempo, as próprias pessoas responsáveis por esse estado de coisas…

Por outro lado, é de pleno acesso a todos, outro lado da vida que sugere, instrui, ampara, coordena e inspira as escolhas corretas, de altruísmo e de humildade; um lado da vida que faz descobrir em todo o Universo a paz e a beleza da vida eterna.

Marshall Rosenberg teve sua fonte de inspiração na prática védica do ahimsa ou ação e consciência de não-violência, para criar a sua admirável abordagem de Comunicação não violenta, levando a compreender que viver em guerra com os outros pode depender de como nos comunicamos.

Como cristãos identificamos o Evangelho de Jesus como o maior código de ensino moral e sabemos exatamente o que fazer, compreendendo a Terra como nossa casa e essas problemáticas pessoas como nossa família.

Não parece justo querer merecer um mundo sem guerras pouco ou nada fazendo para construí-lo.                                                                                                            

                                                                                                  Celso Andreoni

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